domingo, 15 de agosto de 2010

Cuba: Igreja Católica pede «liberalizações» Manuel Quintero

Genebra, sexta-feira, 30 de julho de 2010 (ALC) - Depois de mediar a libertação de presos políticos e de atingir um novo reconhecimento como *interlocutora por excelência da sociedade civil, a Igreja Católica propõe agora a necessidade de modificar mentalidades, controles e leis que limitam “o exercício da liberdade humana” na Ilha.
Em editorial publicado por Palavra Nova, revista do arcebispado de Havana, seu diretor, Orlando Márquez Hidalgo, afirma que os cubanos enfrentam um desafio posto às claras “das diferenças, sejam de tipo econômico, ético, filosófico ou político” e que “nossa riqueza está na nova essência que possamos obter dessas diferenças compartilhadas”.
Segundo Márquez Hidalgo, “não há razões capazes de explicar as limitações ao exercício da liberdade humana, nem argumentos que dêem razão do excesso de enfermos controles burocráticos; do mesmo modo que não há discurso nem ideologia que possa defender ou justificar formulas econômicas e sociais cuja ineficiência foi longamente demonstrada e desnecessariamente padecida.”
“Pode alguém demonstrar que é mau que uma pessoa tenha iniciativa empresarial e que outra prefira ser assalariada? E se não é possível demonstrá-lo, quem pode ter interesse em frear o empreendedorismo (trabalhadores por conta própria) que oxigena os pulmões do Estado e a economia doméstica?” - pergunta o editorialista.
Em março de 1968, o governo cubano desatou a chamada “Ofensiva Revolucionária”, que significou a expropriação de todos os pequenos negócios cubanos. Retrospectivamente, muitos pensam que a medida foi um sério erro econômico da Revolução, porque desmantelou o aparelho produtivo e a infra-estrutura de serviços que supria importantes necessidades da população, substituindo-o por um sistema burocratizado e ineficiente.
A partir dos anos 90, quando a queda do socialismo na Europa decretou uma crise econômica sem precedentes no país, o governo facilitou pequenas iniciativas privadas — entre elas os chamados “paladares”, restaurantes familiares com limitada capacidade de serviço e emprego. Mas os fortes encargos fiscais impediram uma saudável expansão desse setor.
O tema é particularmente instigante, quando se recorda que, em seu discurso ante o 9. Congresso da União de Jovens Comunistas, em abril, o presidente Raúl Castro referiu-se às planilhas “infladas” e disse que em Cuba sobra um de cada cinco postos de trabalho, equivalente a mais de um milhão de pessoas que terão de se recolocar.
“A batalha econômica constitui, hoje mais do que nunca, a tarefa principal e o centro do trabalho ideológico dos quadros, porque dela dependem a sustentabilidade e a preservação do nosso sistema social”, afirmou o presidente cubano.
“Os cubanos aspiram mais desenvolvimento e mais oportunidades, e para um desenvolvimento integral se precisam menos restrições às liberdades individuais e coletivas. O benefício é amplo: os cidadãos ficam liberados de controles excessivos para poder assim adiantar projetos pessoais que podem ser benéficos para a sociedade,” conclui o editorial de Palavra Nova.



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