Iva Rothe: Tudo sem explicação, quando o sentimento aflora
Por Dani Franco – jornalista e colaboradora do Guiart*
Segura, serena, forte, singela, firme, alegre, poética. Os adjetivos se encaixam, cada um, em muitas das mulheres que somos e que conhecemos, mas dessa vez, todos eles voam para mesma direção, a cantora e compositora Iva Rothe, que acaba de mostrar seu terceiro trabalho, “Aparecida”.
Repleto de signos e sons, o show de lançamento do CD homônimo veio banhado de luz, apresentando no palco uma mulher que se transforma a cada nota, a borboleta banhada em águas e que vira sereia, cabocla, ribeirinha, amante, mulher. Iva chegou assim, em asa aberta de pleno vôo, lavando a alma e os olhos com o lirismo, a melodia e a poesia de suas doze canções.
Elaborado a partir de pesquisas realizadas pela artista em comunidades da região amazônica, “Aparecida” é um resultado não apenas da maturidade técnica da cantora, mas também, a expressão terna de sua singularidade sensitiva. A inclusão dos samplers, das vozes documentadas e ritmadas com “quês” eletrônicos poderiam ter soado exagero ou lugar comum, mas a simplicidade e talento de Iva imprimiram um som limpo, bem humorado, leve e, no mínimo, instigante. Sua clareza musical aliada a parcerias de artistas como Pio Lobato e Beto Fares foifundamental para fazer deste o seu trabalho mais maduro; canções como o brega “Passante” e o carimbó com guitarrada de “Sereia”, reafirmam isso.
“Aparecida” nos leva a refletir sobre o espelho, sobre a transmutação que vem da água, dos dissabores e desejos da mulher que cresce através do amor, da melodia, da força e da beleza. É difícil, porém, dizer que toda mulher é aparecida, mas é fácil afirmar que todas aparecem, simplesmente porque ser mulher nos transparece.
* Essas e outras postagens podem ser lidas em www.danimaedaclaricefranco.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário