terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Uma semana de muito diálogo Ecumênico


Secretário do CLAI/Brasil, Presbítero Darli Alves de Souza, visita Belém do Pará


Café Teológico, na CNBB
Em 2010 comemoramos o Centenário da Conferência de Edimburgo, marco de inauguração do movimento ecumênico, quando lideranças cristãs de todo mundo se reuniram na cidade escocesa para unirem seus esforços para levar as Boas Novas ao mundo, superando suas próprias divisões. Também neste ano tivemos a 3ª Campanha da Fraternidade Ecumênica enfatizando a temática de uma economia a serviço da vida.
Finalizando este ano tão importante para o ecumenismo nesta região, visando celebrar a caminha de unidade trilhada e fortalecer os laços de fraternidade e comunhão entre as igrejas cristãs no estado do Pará, o Conselho Amazônico de Igrejas Cristãs (CAIC) trouxe a Belém o secretário do Conselho Latino Americano de Igrejas (CLAI, regional Brasil): presbítero Darli Alves de Souza.
Numa agenda agitada de quase uma semana houve reunião com representantes das igrejas do CLAI e do CAIC; visita a projetos de organizações ecumênicas como o Instituto Universidade Popular (UNIPOP) e Associação Amazônica de Ciências Humanas e da Religião (ACER); confraternização com o Comitê Inter-religioso do Pará, entidade que reúne mais de dez religiões na luta contra a intolerância; e conferência na Universidade Estadual do Pará (UEPA) sobre "Ecumenismo na América Latina”.
Darli Alves também se reuniu com os/as participantes que compuseram a delegação do Pará na 4ª Jornada Ecumênica e representação de jovens das igrejas para apresentar a Rede Ecumênica da Juventude (REJU). O resultado desta reunião é o fortalecimento do movimento de articulação da REJU no norte do país. Já ficou agendado para janeiro de 2011 o primeiro encontro pró-REJU.
Destaca-se nesta visita do secretário do CLAI/Brasil a palestra no Café Teológico com o tema "Ecumenismo: balanço e desafios após cem anos da Conferência de Edimburgo". O Café Teológico foi coordenado pela assessoria teológica do CAIC e cumpriu o seu papel de trazer uma reflexão sobre um tema atual para a sociedade e para a vida das comunidades de fé e das diversas organizações que atuam em cooperação e diálogo.
Das várias articulações e propostas, firmou-se o desejo de construção da 1ª Jornada Ecumênica Amazônica e de realização da Semana Ecumênica, esta em setembro no período de comemoração do Dia Estadual do Ecumenismo no Pará.
Veja as fotos abaixo.
Texto: Tony Vilhena
Fotos: Roseane Brito

Reunião na ACER
Pró-REJU, na IPI




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terça-feira, 23 de novembro de 2010

Café Teológico

Café Teológico e outros encontros, sua participação é muito importante


O ano de 2010 tem sido marcado por importantes ações ecumênicas, tendo como exemplo mais expoente a Campanha da Fraternidade Ecumênica com o tema “Economia e vida”. Ainda em 2010 comemoramos o Centenário da Conferência de Edimburgo, marco de inauguração do movimento ecumênico, quando (07 de abril de 1910) lideranças cristãs de todo mundo se reuniram na referida cidade escocesa para unirem seus esforços para levar as Boas Novas ao mundo, superando suas próprias divisões. Ecumenismo é abertura e diálogo entre igrejas cristãs buscando cooperar conjuntamente na promoção do bem, da justiça, da paz e dos direitos humanos.
Buscando fortalecer os laços de fraternidade e comunhão entre as igrejas cristãs no estado do Pará, o Conselho Amazônico de Igrejas Cristãs (CAIC) trás a Belém o secretário do Conselho Latino Americano de Igrejas (CLAI): presbítero Darli Alves de Souza. O objetivo desta visita é articular o movimento ecumênico local com as ações do CLAI, principalmente na área da juventude. Pois já existe a experiência da Rede Ecumênica da Juventude (REJU) nacionalmente, faltando apenas a Região Norte criar seu coletivo.
É a primeira vez que Darli Alves vem à cidade de Belém. Ele é mestre em ciências da religião e presbítero da Igreja Presbiteriana Independente. A presença de sua igreja ou entidade na seguinte agenda fortalecerá ainda mais este movimento construtivo de diálogo.
04 de dezembro, sábado, às 9h - Reunião com representantes das igrejas do CLAI, do CAIC e convidadas - na Catedral Anglicana de Santa Maria (Av. Serzedelo Correa, 514, entre Gentil e Conselheiro, Batista Campos);
04 de dezembro, sábado, às 17h - Palestra no Café Teológico com o tema "Ecumenismo: balanço e desafios após cem anos da Conferência de Edimburgo" - na CNBB/N2 (Trav. Barão do Triunfo, 3151, entre Almirante e 25 de Setembro, Marco);
05 de dezembro, domingo, às 18h  Confraternização do Comitê Inter-religioso do Pará (Av. Visconde de Inhaúma, 1557, entre Lomas e Eneas Pinheiro, Pedreira)
06 de dezembro, segunda, às 10h – Conferência (a confirmar) sobre "Cristianismo na América Latina: aproximações e estranhamentos diante da diversidade" - na Universidade Estadual do Pará (UEPA), campus 1 CCSE (Trav. Djalma Dutra s/n, Telégrafo).
07 de dezembro, terça, 16h – Reunião sobre a Rede Ecumênica da Juventude (REJU) – Igreja Presbiteriana Independente (Av. Conselheiro Furtado, 3085, entre Castelo e 14 de Abril).

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Contextualização do Movimento Ecumênico em Belém do Pará

No dia 4/11/2010 Aconteceu na casa das Irmãs Franciscanas de São José em Ananindeua-Pa, um diálogo sobre a contextualização do  Ecumenismo no Pará. O propósito do diálogo fez parte da disciplina de Ecumenismo do Curso de Formação Humana promovido pela CRB – Conferência dos Religiosos do Brasil. O Ecumenismo faz parte da história recente de nosso país e por isso deve ser estudado nas suas diversas relações e implicações.  O Movimento Ecumênico no Pará construiu uma rede de pessoas e instituições que foram influenciadas pelas idéias e práticas pastorais desenvolvidas dentro do movimento, difundindo conceitos como responsabilidade social, educação popular, ecumenismo, prática social, participação política, agente de transformação, etc. Para o Prof. Rev. Anglicano Fernando Ponçadilha, “o movimento Ecumênico em Belém começou a despertar em plena Ditadura Militar quando em março de 1980, ocorreu a morte do estudante César Moraes Leite dentro da sala de aula no campus básico da Universidade Federal do Pará, por um colega de classe “Policial Federal”, foi então, que a Pastoral da Juventude Universitária coordenada pelo Pe. católico Savino, se reuniu e saíram fazendo passeatas e mobilizações pelas ruas de Belém-Pa, foi o maior protesto visto no Pará após o Golpe Militar, programaram uma celebração ecumênica no Ginásio da UFPA, e dentre os celebrantes estavam a Pastora Rosa Marga Rothe da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, o padre Savino da Igreja Apostólica Romana e outros de outras religiões, a partir desse acontecimento começou um movimento para repudiar a Ditadura Militar”. Um ano depois em 1981,  na conhecida guerrilha do Araguaia Com a reivindicação de posse de terras gerou-se conflitos entre fazendeiros e posseiros na área chamada de Cajueiro em são Geraldo do Araguaia no Pará. Houve confrontos e aconteceu uma emboscada, resultando em prisões de posseiros e padres da Igreja Católica Romana. Foi a partir desses acontecimentos que surgiu O MLPA – Movimento pela Libertação dos Presos do Araguaia que acabou fortalecendo a Pastoral da Terra. Após o encerramento da MLPA alguns grupos resolveram criar  entidades que se comprometessem com as causas populares, foi então, criada a UNIPOP – Instituto Universidade Popular , surge como iniciativa de educação experimental para a cidadania, partindo de três abordagens específicas: a sócio-política, a teológica-ecumênica, e a lúdico-teatral. Dentro da UNIPOP surge o CAIC – Conselho Amazônico de Igrejas Cristãs, com o propósito de criar-se um curso de teologia popular como espaço de reflexão bíblica teológica a partir do compromisso ecumênico. Segundo o Presidente do CAIC Tony Vilhena,  “o ecumenismo nasce com os gregos e é bíblico ‘Jesus pediu a unidade de seus discípulos e discípulas’ (Jo 17,21)”. O ecumenismo exige um coração voltado para a paz e a valorização do outro. Não basta realizar ações ecumênicas, é preciso ter de fato a espiritualidade do diálogo. Essa espiritualidade exige o cultivo de muitas qualidades, como por exemplo:
● esperança ● amor à paz ● humildade ● capacidade de ouvir ● paciência ● discernimento ● lealdade ● alegria ao ver o bem ● respeito ao outro.
Segundo Fernando Ponçadilha “tudo o que aconteceu em épocas remotas tinha um objetivo, afetar a pastoral da Terra, porém, na ótica de hoje o ecumenismo em Belém deve ser renovado, pois vivenciamos outro momento de história e de diálogos com as igrejas Cristãs.”
Para concluir, vale a pena relembrarmos que ecumenismo vem do grego oikos = casa, a casa habitada, “o nosso planeta geme como se tivesse com dores de parto, vamos ser solidários nos unindo no amor e na fé para um mundo melhor”. A Mãe terra agradece.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Curso Teologia e Relações de Gênero


ASSOCIAÇÃO AMAZÔNICA DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA RELIGIÃO – ACER
PROMOVE

“CURSO TEOLOGIAS E RELAÇÕES DE GÊNERO”
PROGRAMA:
1ª Semana
Gênero: história, antropologia, sociologia e filosofia.

2ª Semana
Gênero: Bíblia e Teologia.

DOCENTES:

DANIELA CORDOVIL CORRÊA DOS SANTOS
Doutora em Antropologia, especialista em religiões afro-brasileiras.
Docente da Universidade Estadual do Pará – UEPA

TAISSA TAVERNARD
Doutora em Antropologia, especialista em religiões afro-brasileiras.
Docente da Universidade Estadual do Pará – UEPA

TEA FRIGERIO
Mestre em Exegese Bíblica
Mestre em Ciências da Religião
Coordenadora do Programa de Formação do CEBI – Centro de Estudos Bíblicos

Período de realização: 29 de novembro a 10 de dezembro de 2010
HORÁRIO DO CURSO: 19 às 22h 


INVESTIMENTO:
R$30,00 
 
LOCAL DE INSCRIÇÃO E DE REALIZAÇÃO DO CURSO:
ASSOCIAÇÃO AMAZÔNICA DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA RELIGIÃO - ACER
End. Av. Senador Lemos, 557 - Humarizal
(entre D. Pedro I  e D. Romualdo de Seixas)
Telefone: (91) 3241-1929
E-mail: 
acerteologia@yahoo.com.br
Horário de atendimento ao público: 14h30 às 21h
 
NÃO PERCA ESTA OPORTUNIDADE! DIVULGUE EM SUA IGREJA, COMUNIDADE E ENTRE AMIGOS!

 

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Entidades reprovam a extinção da Promotoria de Direitos Humanos

O Minitério Público do Estado do Pará realizou uma reestruturação interna que culminou com a extinção da Promotoria de Direitos Humanos. Agora as atribuições desta promotoria serão incorporadas às promotorias de entorpecentes, que reúnem a Promotorias de Segurança Pública, Controle externo da atividade policial, medidas cautelares, combate às organizações criminosas e entorpecente.
Diversos movimentos que atuam na defesa dos direitos humanos estão manifestando repúdio a esta medida via emails na internet. Estes moivimentos farão uma mobilização para tentar reverte a ação do Ministério Público.

Fonte: http://www.sodireitos.org.br

segunda-feira, 4 de outubro de 2010


Morre o professor e teólogo Claudemiro Godoy Nascimento

04/10/2010 | Azul Marinho com Pequi
Morreu na madrugada deste domingo o professor da Universidade Federal de Tocantins- UFT- Campus de Arraias, CLAUDEMIRO GODOY NASCIMENTO, em um acidente automobilístico entre as cidades de Campos Belos, GO, e Arraias, TO.
Claudemiro fazia parte do grupo que se articulava no Tocantins para a formação da ABRA (Associação Brasileira de Reforma Agrária). Professor, ex-sacerdote da Igreja Católica e Teólogo da Libertação, Claudemiro lutava por uma UFT mais democrática e uma reforma agrária que trouxesse mais dignidade aos trabalhadores rurais.
Em 25 de julho de 2010 o professor lançou, em evento da ABRA-TO e do Curso de Pós-Graduação em Gestão Pública e Sociedade, seu livro: "Versos e reversos da Educação - das políticas às Pedagogias alternativas".
Fonte: www.azulmarinhocompequi.com

Consolidar a ruptura histórica operada pelo PT

Leonardo Boff*

Para mim o significado maior desta eleição é consolidar a ruptura que Lula e o PT instauraram na história política brasileira. Derrotaram as elites econômico-financeiras e seu braço ideológico, a grande imprensa comercial. Notoriamente, elas sempre mantiveram o povo à margem da cidadania, feito, na dura linguagem de nosso maior historiador mulato, Capistrano de Abreu, "capado e recapado, sangrado e ressangrado". Elas estiveram montadas no poder por quase 500 anos. Organizaram o Estado de tal forma que seus privilégios ficassem sempre salvaguradados. Por isso, segundo dados do Banco Mundial, são aquelas que, proporcionalmente, mais acumulam no mundo e se contam, política e socialmente, entre as mais atrasadas e insensíveis. São vinte mil famílias que, mais ou menos, controlam 46% de toda a riqueza nacional, sendo que 1% delas possui 44% de todas as terras. Não admira que estejamos entre os países mais desiguais do mundo, o que equivale dizer, um dos mais injustos e perversos do planeta.

Até a vitória de um filho da pobreza, Lula, a casa grande e a senzala constituíam os gonzos que sustentavam o mundo social das elites. A casa grande não permitia que a senzala descobrisse que a riqueza das elites fora construída com seu trabalho superexplorado, com seu sangue e suas vidas, feitas carvão no processo produtivo. Com alianças espertas, embaralhavam diferentemente as cartas para manter sempre o mesmo jogo e, gozadores, repetiam: "façamos nós a revolução antes que o povo a faça". E a revolução consistia em mudar um pouco para ficar tudo como antes. Destarte, abortavam a emergência de outro sujeito histórico de poder, capaz de ocupar a cena e inaugurar um tempo moderno e menos excludente. Entretanto, contra sua vontade, irromperam redes de movimentos sociais de resistência e de autonomia. Esse poder social se canalizou em poder político até conquistar o poder de Estado.

Escândalo dos escândalos para as mentes súcubas e alinhadas aos poderes mundiais: um operário, sobrevivente da grande tribulação, representante da cultura popular, um não educado academicamente na escola dos faraós, chegar ao poder central e devolver ao povo o sentimento de dignidade, de força histórica e de ser sujeito de uma democracia republicana, onde "a coisa pública", o social, a vida lascada do povo ganhasse centralidade. Na linha de Gandhi, Lula anunciou: "não vim para administrar, vim para cuidar; empresa eu administro, um povo vivo e sofrido eu cuido". Linguagem inaudita e instauradora de um novo tempo na política brasileira. O "Fome Zero", depois o "Bolsa Família", o "Crédito Consignado", o "Luz para Todos", o "Minha Casa, minha Vida, o "Agricultura familiar, o "Prouni", as "Escolas Profissionais", entre outras iniciativas sociais permitiram que a sociedade dos lascados conhecesse o que nunca as elites econômico-financeiras lhes permitiram: um salto de qualidade. Milhões passaram da miséria sofrida à pobreza digna e laboriosa e da pobreza para a classe média. Toda sociedade se mobilizou para melhor.

Mas essa derrota infligida às elites excludentes e anti-povo, deve ser consolidada nesta eleição por uma vitória convincente para que se configure um "não retorno definitivo" e elas percam a vergonha de se sentirem povo brasileiro assim como é e não como gostariam que fosse. Terminou o longo amanhecer.

Houve três olhares sobre o Brasil. Primeiro, foi visto a partir da praia: os índios assistindo a invasão de suas terras. Segundo, foi visto a partir das caravelas: os portugueses "descobrindo/encobrindo" o Brasil. O terceiro, o Brasil ousou ver-se a si mesmo e aí começou a invenção de uma república mestiça étnica e culturalmente que hoje somos. O Brasil enfrentou ainda quatro duras invasões: a colonização que dizimou os indígenas e introduziu a escravidão; a vinda dos povos novos, os emigrantes europeus que substituíram índios e escravos; a industrialização conservadora de substituição dos anos 30 do século passado mas que criou um vigoroso mercado interno e, por fim, a globalização econômico-financeira, inserindo-nos como sócios menores.

Face a esta história tortuosa, o Brasil se mostrou resiliente, quer dizer, enfrentou estas visões e intromissões, conseguindo dar a volta por cima e aprender de suas desgraças. Agora está colhendo os frutos.

Urge derrotar aquelas forças reacionárias que se escondem atrás do candidato da oposição. Não julgo a pessoa, coisa de Deus, mas o que representa como ator social. Celso Furtado, nosso melhor pensador em economia, morreu deixando uma advertência, título de seu livro A construção interrompida (1993): "Trata-se de saber se temos um futuro como nação que conta no devir humano. Ou se prevalecerão as forças que se empenham em interromper o nosso processo histórico de formação de um Estado-Nação" (p.35). Estas não podem prevalecer. Temos condições de completar a construção do Brasil, derrotando-as com Lula e as forças que realizarão o sonho de Celso Furtado e o nosso.

Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor.

sábado, 2 de outubro de 2010

Ecumenismo


Diversidade e diálogo: Entrevista com Faustino Teixeira

01/10/2010 | Jaime C. Patias *
foto: Roseane Brito - Curso sobre Ecumenismo do CESEP- São Paulo-SP


"As religiões deveriam transparecer com sinais vitais na história o mistério de um Deus de misericórdia".
"A diversidade é um dom que se insere na dinâmica misteriosa dos desígnios divinos. O pluralismo de princípio significa reconhecer a diversidade como um valor, como uma riqueza fundamental, como parte do mistério de Deus que nós não conseguimos compreender na sua totalidade", afirmou o professor Faustino Teixeira, pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais (UFJF), em entrevista à revista Missões durante curso sobre Ecumenismo, promovido pelo Centro Ecumênico de Serviço à Evangelização Popular - CESEP, no mês de julho, em São Paulo. Faustino é pós-doutor pela Pontifícia Universidade Gregoriana (PUG), Itália, doutor em Teologia pela mesma universidade, mestre em Teologia, pela PUC-RJ e graduado em Filosofia e em Ciências da Religião pela UFJF. É autor de vários livros, dentre os quais "Nas teias da delicadeza" (Paulinas, 2006) e "As religiões no Brasil: continuidades e rupturas" (Vozes, 2006), este em parceria com Renata Menezes.
Faustino Teixeira nasceu em Juiz de Fora, numa família numerosa e muito religiosa. Seus pais tiveram 15 filhos, dez homens e cinco mulheres; ele é o oitavo filho e atribui à influência da família e dos amigos a sua busca por valores universais. O sonho do pesquisador é que exista um maior entendimento e respeito à diversidade de culturas e de religiões.
Para se dispor ao diálogo inter-religioso e ecumênico, que atitudes a pessoa deveria ter?
Uma disposição fundamental é a humildade, virtude indispensável para viver uma perspectiva dialogal em profundidade. Ter a consciência da contingência, de que não somos permanentes, mas que estamos em viagem neste mundo com outras pessoas, outras comunidades. O cultivo da humildade é uma das disposições mais difíceis e importantes. A segunda disposição é a abertura, ou seja, perceber que o outro com o qual eu entro em relação é alguém marcado por um mistério que eu não consigo jamais englobar, é alguém que experimenta a sua vida num espaço sagrado e que por isso tenho de respeitar a alteridade. Reconhecer que o outro é alguém que merece confiança, que tem uma dignidade e que sua convicção religiosa deve ser respeitada. Uma terceira disposição é a consciência do meu valor, da minha dignidade.
O diálogo deve ser feito por alguém que ama e acredita na sua identidade. Não pode dialogar quem não conhece os traços fundamentais da sua própria identidade. Tenho que dialogar com as minhas convicções para ser respeitado e respeitar as convicções do outro. O diálogo não é feito para abafar as individualidades. Não há diálogo verdadeiro quando eu escondo a minha identidade. Preciso levar ao interlocutor com quem dialogo aquilo que eu acredito. Uma quarta disposição é o sentimento comum de busca da verdade. Os interlocutores devem estar intimamente animados pela ideia de que caminham juntos em busca de um horizonte que só Deus conhece. Nunca um interlocutor está em posse radical do mistério. Somos itinerantes, estamos a caminho, ninguém está em sua pátria. Estamos envolvidos por uma verdade que nos ultrapassa. E é na dinâmica inter-relacional, dialogal, que a verdade vai florescendo. A verdade é a expressão de uma sinfonia inter-religiosa. Uma última disposição é a ecumene da compaixão, o exercício da compaixão. As religiões se unem animadas por uma compaixão comum de luta em favor do outro, da dignidade da terra, do criado, na luta contra o sofrimento, numa disposição de misericórdia.
Vivemos num tempo favorável ao diálogo, por outro lado percebemos um endurecimento das relações com o surgimento de fundamentalismos e extremismos. Como explicar isso?
Essa é a grande estranheza que a gente sente. Apesar de vivermos num tempo marcado pela abertura dialogal, vivenciamos simultaneamente um apego identitário muito forte, identidades que às vezes se revelam mortíferas que não só se fecham nos seus guetos como atacam, não abrindo espaços nas pessoas e comunidades para a percepção do valor. Vivenciamos essa dupla dialética, pelo fato do pluralismo balançar as nossas identidades, colocando-nos diante dum desafio aberto que está relacionado com o mistério do outro que provoca em nós um certo temor e a necessidade de mudar a nossa auto-compreensão. Todo o diálogo autêntico provoca mudança na nossa perspectiva de inserção no mundo e na nossa compreensão da identidade. Mas, nem todos estão preparados, e queremos uma transformação no nosso modo de ser.
Daniel R. GutiérrezAlunos do Curso sobre Ecumenismo do CESEP visitam igreja ortodoxa em São Paulo.Em seus escritos você fala num "pluralismo de princípios". O que seria esse conceito?
Deveríamos distinguir entre um pluralismo de fato e um pluralismo de princípios ou de direito. O pluralismo de fato significa que existe a diversidade religiosa como um fato e não há como driblar essa realidade. Pluralismo de princípio é que existe em nós uma perspectiva diferente; não apenas aceitar isso como um dado histórico, mas perceber essa realidade como algo adquirido por Deus. A diversidade é um dom que se insere na dinâmica misteriosa dos desígnios divinos. Então o pluralismo de princípio significa não apenas apurar a diversidade, mas reconhecer a diversidade como um valor, como uma riqueza fundamental, como parte do mistério de Deus que nós não conseguimos compreender na sua totalidade. O importante é perceber que há uma riqueza nessa diversidade e que ela manifesta a diversificação de um mistério que é sempre maior.
Em que as igrejas e religiões poderiam contribuir para garantir a sobrevivência da humanidade ameaçada?
As religiões têm um potencial garantidor do sentido, de resgatar o sentido ameaçado. Todas as religiões trabalham com elementos de profundidade, com um toque de espiritualidade. Elas têm uma tarefa fundamental de fazer valer essas entranhas do mistério misericordioso. A de rejeitar radicalmente uma situação de sofrimento humano, da terra e têm o papel de se unir em favor da paz mundial como afirmou Hans Küng: "não haverá paz no mundo sem paz entre as religiões". Então as religiões são convocadas a se unir contra o sofrimento do mundo. Talvez esse seja um dos mais fortes dinamizadores do diálogo inter-religioso.
Muitos conflitos são gerados por motivos religiosos. Qual é a relação entre guerra e religião?
Isso, infelizmente, porque as religiões não são somente portadoras de paz. As religiões estão na história e são marcadas por essa precariedade, são fragmentárias. Portanto, nem sempre, necessariamente as religiões desdobram na sua prática os elementos positivos do mistério. Muitas vezes elas expressam a vontade de determinados grupos ou setores. Penso que a tarefa profética que deve animar todas as religiões é o de lutar contra essas ambiguidades e fazer com que transpareçam como sinais vitais na história, o mistério de um Deus de misericórdia. Nem sempre as religiões são isentas dessa ambiguidade, portanto, elas podem ser tanto portadoras de paz como provocadoras da violência na medida em que elas se deixam levar pela vontade da arrogância de humanos.
Como entender e situar a Missão no horizonte do pluralismo religioso?
Sob o ponto de vista do cristianismo, nós temos como centro de referência fundamental Jesus Cristo. Não há como apagar para nós e para os outros com os quais entramos em contato esse sonho de Jesus, o significado de Jesus como curador da vida, como portador de alegria e como recuperador dos sonhos mais fundamentais. O trabalho da Missão eu vejo muito mais como um exercício de amor e não como um mandato. A Missão não pode ser vista como uma obrigação, mas como uma experiência de amor daqueles que viveram de forma profunda a experiência de contato e de sedução por Jesus Cristo e querem transmitir aos outros essa experiência de amor. Não só de Jesus Cristo como pessoa, mas dos valores que ele trouxe; da cortesia, da hospitalidade, da abertura, da delicadeza, da alegria... Nós somos convocados a partilhar com os outros o significado fundamental desses valores que ele deixou pra nós. Ou seja, nós somos convidados a não deixar apagar esse sonho do Reino de Deus na história. É uma missão respeitosa dos outros.
Que avaliação faz das iniciativas do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs - CONIC, como a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos e a Campanha da Fraternidade Ecumênica?
São iniciativas brilhantes. Os ganhos que se têm no diálogo inter-religioso não obstaculizam os trabalhos feitos no campo do ecumenismo. Inclusive, o trabalho ecumênico prepara o campo para uma abertura inter-religiosa. Todas as iniciativas no Brasil e no mundo são peças de grande importância na sensibilização do respeito ao outro, do respeito à consciência do outro. O meu diálogo com o outro é capaz de oferecer percepções da verdade que eu não capto na minha comunidade de fé. O outro é capaz de revelar pra mim elementos inéditos da minha experiência de Deus. Isso abre possibilidade mais ampla para um diálogo inter-religioso que não diminui a importância e o valor do diálogo ecumênico.
* Jaime Carlos Patias, imc, é diretor da revista Missões. Publicado na revista Missões, N.07 Setembro 2010. www.revistamissoes.org.br
Fonte: Revista Missões

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Curso de Verão


A VIDA: DESAFIO À CIÊNCIA, BÍBLIA E BIOÉTICA
DO GENOMA ÀS CÉLULAS TRONCO
verao2011-2.jpg 
 
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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Dia Estadual do Ecumenismo


23 de setembro, Dia Estadual do Ecumenismo no Pará

O dia escolhido para homenagear o movimento ecumênico no Pará foi o dia 23 de setembro, data que a história registra o primeiro culto ecumênico no estado, ocorrido no ano de 1981, no contexto de luta do Movimento de Libertação dos Presos do Araguaia (MLPA).
Tramita na Assembléia Legislativa do Pará (ALEPA) um Projeto de Lei que oficializará o feito, um reconhecimento ao trabalho de irmãos e irmãs que se dedicaram ao testemunho do diálogo, sempre em luta por justiça e em defesa dos direitos humanos. Também uma oportunidade para que a temática do ecumenismo seja abordada em diversos setores da sociedade.
Roseane Brito, assessora teológica do CAIC, apresentou na ALEPA o levantamento historiográfico que fundamentou a proposta. Sua principal fonte foi o trabalho de Antônio Carlos Teles, professor de teologia e pastor que já atuou em na Igreja Metodista de Belém/PA, “As origens do movimento ecumênico na Amazônia paraense”.


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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Grito dos Excluídos em Belém




Este 16º Grito dos Excluídos, em Belém do Pará, foi a culminância do Plebiscito Popular sobre o limite da propriedade de terra no Brasil, reunindo religiões, sindicatos, organizações populares e movimentos sociais do campo e da cidade.
Na abertura, ocorreu uma celebração inter-religiosa com a presença da Igrejas Católica Apostólica Romana, Evangélica de Confissão Luterana e Anglicana Tradicional do Brasil, além da Wicca e dos Povos Ciganos.
Durante o percurso foram feitas três paradas. A primeira foi em frente à uma secretaria da Prefeitura de Belém para que os moradores atingidos pelo Portal da Amazônia denunciassem os abusos que vem sofrendo com a imposição deste projeto turístico no bairro do Jurunas. Quem também ecoou seu grito foi a repreentação do Icuí-Gujajará que apresentou o abandono da Prefeitura de Ananindeua com aquela área.

 Já a segunda parada foi em frente às Organizações Rômulo Maiorana, afiliada da Rede Globo. Foi a oportunidade perfeita das organizações repudiarem o posicionamento dos meios de comunicação de massa que defendem em seus programas pseudo-jornalísticos os interesses de quem paga mais e tratam diariamente os movimentos sociais como criminosos.
A terceira parada, aproveitando a temática questão da terra abordada pelo Plebiscito, foi em frente à Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do pará (FAEPA), entidade que representa o agronegócio no estado. Neste momento, quem participava da caminhada prestou sua solidariedade ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que no último dia 03 de setembro perdeu um de seus integrantes vitimado por numa emboscada, quando jagunços da família Bengtson torturam e mataram José Soares. Josué Bengtson é pastor e já foi deputado federal. Renunciou quando foi ameaçado de ser cassado por participar do escândalo dos "sanguessuga" da saúde pública.
Chegando na Praça da República, ainda teve a apresentação do Grupo de Teatro do Instituto Universidade Popular (UNIPOP) que contou a saga da expulsão das famílias camponesas pelos "grileiros" de terra, apontando que a Campanha Pelo Limite da Propriedade de Terra é uma estratégia de luta popular pela reforma agrária e soberania alimentar.

Fotos: Carlos Alberto
Fonte: Rede CAIC

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